Uma universidade de ponta-cabeça: a ocupação da Reitoria e a luta dos estudantes da UEM pela gratuidade do ensino e pela democratização da universidade
O ano de 1984 foi marcado por grandes mobilizações populares no país, particularmente pela campanha diretas-já para presidente da República. Os trabalhadores fortaleciam a recém-criada CUT, que tinha convocado, no ano anterior, importante greve geral. Os estudantes articulavam, com habilidade, as mobilizações por bandeiras democráticas com reivindicações especificas. No Paraná, as mobilizações mais marcantes se deram em universidades pagas. Além do movimento estudado por este livro, houve ocupação da reitoria na Universidade Católica, greve com ocupação na Faculdade de Paranaguá, amplo e vitorioso boicote às mensalidades na Fecivel (Cascavel), mobilizações na UEL etc. Foi uma conjuntura de grande efervescência para o movimento estudantil paranaense, que começa a receber, merecidamente, a devida atenção de trabalhos acadêmicos. Não posso me esquecer das árvores do campus da UEM, decoradas, em 1982, com frutas de papel simbolizando a chapa "Outras Palavras' que levou à direção do DCE o grupo político que viria a dirigir o movimento de ocupação da reitoria. No ano seguinte, eu voltei à UEM para contribuir com a chapa "Próximos Passos". Essas campanhas romperam com os discursos carregados de palavras de ordem e sintonizaram-se com a "cara" da juventude dos anos 1980, com disposição de lutar por inúmeras bandeiras, mas sempre com alegria. A ocupação da reitoria da UEM, eu penso, foi uma ação bastante radicalizada (a ocupação dos prédios administrativos e do centro de poder), mas nem por isso isolada, contando com um grande número de participantes. Um dos resultados dessa luta foi a introdução, nos anos seguintes, da gratuidade nas universidades estaduais. Também contribuiu para formar a consciência de muitos jovens que, ainda hoje, encontro engajados em lutas sociais, nas universidades, nas escolas, movimentos sindicais e nos partidos políticos de esquerda. Que a memória daqueles anos de luta seja um estimulo às novas e velhas gerações na luta por suas utopias, com combatividade, mas sem perder a ternura e a alegria!
https://pbc.uem.br/dhi/publicacoes_da_eduem/uma-universidade-de-ponta-cabeca-a-ocupacao-da-reitoria-e-a-luta-dos-estudantes-da-uem-pela-gratuidade-do-ensino-e-pela-democratizacao-da-universidade.jpg/view
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Uma universidade de ponta-cabeça: a ocupação da Reitoria e a luta dos estudantes da UEM pela gratuidade do ensino e pela democratização da universidade
O ano de 1984 foi marcado por grandes mobilizações populares no país, particularmente pela campanha diretas-já para presidente da República. Os trabalhadores fortaleciam a recém-criada CUT, que tinha convocado, no ano anterior, importante greve geral. Os estudantes articulavam, com habilidade, as mobilizações por bandeiras democráticas com reivindicações especificas. No Paraná, as mobilizações mais marcantes se deram em universidades pagas. Além do movimento estudado por este livro, houve ocupação da reitoria na Universidade Católica, greve com ocupação na Faculdade de Paranaguá, amplo e vitorioso boicote às mensalidades na Fecivel (Cascavel), mobilizações na UEL etc. Foi uma conjuntura de grande efervescência para o movimento estudantil paranaense, que começa a receber, merecidamente, a devida atenção de trabalhos acadêmicos. Não posso me esquecer das árvores do campus da UEM, decoradas, em 1982, com frutas de papel simbolizando a chapa "Outras Palavras' que levou à direção do DCE o grupo político que viria a dirigir o movimento de ocupação da reitoria. No ano seguinte, eu voltei à UEM para contribuir com a chapa "Próximos Passos". Essas campanhas romperam com os discursos carregados de palavras de ordem e sintonizaram-se com a "cara" da juventude dos anos 1980, com disposição de lutar por inúmeras bandeiras, mas sempre com alegria. A ocupação da reitoria da UEM, eu penso, foi uma ação bastante radicalizada (a ocupação dos prédios administrativos e do centro de poder), mas nem por isso isolada, contando com um grande número de participantes. Um dos resultados dessa luta foi a introdução, nos anos seguintes, da gratuidade nas universidades estaduais. Também contribuiu para formar a consciência de muitos jovens que, ainda hoje, encontro engajados em lutas sociais, nas universidades, nas escolas, movimentos sindicais e nos partidos políticos de esquerda. Que a memória daqueles anos de luta seja um estimulo às novas e velhas gerações na luta por suas utopias, com combatividade, mas sem perder a ternura e a alegria!